QUATRO ESTROFES PRA MAMÃE

Vou lembrar mamãe agora
De forma branda e singela,
Mesmo porque lembrar ela
Me acontece a toda hora.
Meu peito saudoso chora,
Minh’alma se distancia.
Buscando aquela que um dia
Foi minha melhor parceira,
“A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA”.

Lembro-me bem de uma “peia”
Que mãe me deu, no passado,
Por eu pegar um “puxado”
Brincando no pó da areia.
Mas à noite, após a ceia,
Decerto eu descansaria!
Enquanto ela não dormia
Junto à minha cabeceira...
“A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA”.

Nesses seus cuidados tantos,
Às vezes se angustiava
Se acaso eu choramingava
Buscando o ar pelos cantos.
Mamãe, já chegando aos prantos,
Me abanava e me cobria.
Que falta eu sinto hoje em dia
Da minha santa enfermeira!
“A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA”.

Um dia o destino atroz
Numa triste madrugada
Mostrou-me mamãe deitada
Sem luz nos olhos, sem voz.
Nem permitiu seu algoz
Que eu fizesse companhia
A quem não me deixaria
Sem a bênção derradeira.
“A SAUDADE É COMPANHEIRA
DE QUEM NÃO TEM COMPANHIA”.


(Dedico, "in memoriam", a Dona Neide mãe do Poeta Rangel Júnior)

Campina Grande, julho de 2009.

Alfrânio de Brito
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