Eu não sei em que curva nas estradas da cidade da vida minha paciência ficou perdida; mas quando escuto essas historinhas turvas, mal-contadas, fingidas, luto contra a reação primal por excelência: a indiferença (deslavada, estendida, desentendida, escavada e esculpida, escarrada e cuspida, recalcada e sacudida). Dá vontade de ignorar essa gente dessa cidade perdida, doente: é preciso respirar e voltar ao são juízo pra não largar de mão, sem sobreaviso...

Mas aqui na cidade da difamação ainda deve ter alguém de coração sadio, que não viva tão vazio a ponto de encontrar satisfação falando de outrem; que prefira o bem da cidade a inventar um conto de atrocidade só pela ilusão da popularidade (que vai e vem); que escolha, enfim, a verdade (amém!). Não por mim, mas por receio do que esse alguém colha aqui na plantação de abrolhos, é que fico nesse meio: escolho estar por perto, mas de olho bem aberto...

Não que me tire o sono: deixo as palavras que eles me atiram caírem no abandono, na desconfiança... (Eu ainda confio na esperança! O fofoqueiro, sem precisar da minha vingança, vai se queimar primeiro...) O meu interesse é só que a cidade cresça sozinha, sem nó, sem estresse; e que quem me conheça nunca se esqueça que "fofoquinha, ninguém merece!"...