Às vezes é ar, está em tudo,
Em todo lugar. Tudo toca,
Tudo quer pegar
Até entrar
Por narinas, boca, pulmão, sangue...
pulsar.
Quando vento, movimento lento.
É brisa fora de tempo
No abafo do dia quente nublado;
Desabafo de copo
Cheio, meio, vazio,
Cheio de ar.
Comprimido, compresso ar,
Energia atômica,
Numa molécula catatônica
Presa toda em si
Prisão garganta
Palavra esgana a corda vocal
Nem consoante nem vogal.
Quando mudo
Ar é falta, vácuo.
Sem ar, sem som, sem voz.
Só idéias presas num celebro calado.
Às vezes é ar e está em tudo.
Às vezes é vulto.
Recife
Felipe Bezerra
© Todos os direitos reservados
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