Poemas confusos, sem fusos,
sem dias, noites, nem horas,
poemas indistintos, indeterminados,
presos em seus limites,
inspirados no céu nublado, na fina chuva,
no asfalto molhado, pálido,
que reflete a luz de sódio, amarela,
sombria, solitária.
E na calçada, calada, sem seres, solitário,
eu caminho, enxergo o passado distante,
não vejo ninguém, nem a infância das ruas,
antes, cheias de vida, hoje, nem os ruídos dos pingos,
silenciosa percepção.
Poemas confusos, sem fusos,
poemas afogados na melancolia,
no tempo que passou,
nas lágrimas misturadas, hora chuva, hora dor.
Triste o tempo que passa,
contínuo, nos vem em saltos,
triste bolha rompida,
tristes encantos que não voltam,
triste caminhada noturna, estéril,
sem luar, estrelas ou mistérios.
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