40

 
agora sou 40, estou 40
às vezes metade, às vezes um pouco mais
inventam-se cartas, rolam-se dados
40 sub-inconscientes indeterminísticos
conscientes por 40 mil anos em gloriosas comemorações
minhas 40 milhões de neuro-tecno-pop-ciber-inspirações
transformam-me em máxima poemática alusiva de concretizações
minhas ações 40 vezes apologeticamente confidenciam-se imortais
40 influências com fluências fluentemente flutuam
aprioristicamente sobre mim o dobro de dobras marteladas de silvos calvos
40 causas contorcistas contrastam com tributos contíguos calmos
meus pareceres ignoram-se 40 tempos atrás de algo intruso
para brindarem comigo meus aniversários todos assim
apoteoticamente teatrais cinematográficos como a vida real
como todas bebidas derramadas em toldos ao redor de mim
parabenizando-me por todos os 40 mais ou menos no meio
pois no caminho de todas as itas demolidas de minhas histórias
demasiadas efervescências brotam de jardins dos meus sonhos
e acordo e acordo com cordas e barbantes de imaginação
pondo todas as noções do meu passado passado no ponto certo
para buscar em polvorosa 40 mil enigmas e estigmas indistintamente
de 40 que se foram e 40 que virão ao encontro de minhas verdades
projeto meus contornos pelos lados constituídos do amor da vida
minha saída agora é aceitar que estou vivo
e sou 40 sempre e nunca
e 40 nunca e sempre
mortal