cigarras, cigarras...
cigarras grudam
em meus cabelos
coibindo o pensamento
de completar-se
cigarras, cigarras...
espantar não adianta
mas espanto
e elas voltam
maiores mais reais
cigarras, cigarras...
cigarras tapam meus olhos
cigarras fecham minha boca
amarram minhas mãos
sugam meu sangue
cigarras, cigarras...
perco-me em meio
a cóleras acidentais
escorrego em meio
a cigarros acesos
cigarras, cigarras...
agora onde estou?
quem eu sou?
não me pergunte
pergunte às cigarras, cigarras...
Silvio Prado
© Todos os direitos reservados
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