Retrato de um Pai

 

Nestes singelos versos, eu quero

um pouco da história de um homem contar;

era uma pessoa simples, muito sincero

e em São Sepé chegou com um sonho a alcançar.

 

Trazendo junto dele muita força e esperança,

de sol a sol trabalhou, muito suor derramou.

Provou que está certo o dito: "Quem espera alcança".

E o sonho do próprio comércio, ele real tornou.

 

Esse homem foi pioneiro, na avenida Eugênio foi o primeiro

a instalar seu armazém e com alegria a todos atender.

Foi peão de uma estância chamada "Existência", como exímio garimpeiro

das ilusões e realizações, várias lições fez-me aprender.

 

Lições preciosas, jamais esquecerei: quis o bem,

não somente da sua família, mas da sua comunidade.

Ensinou-me sempre a fazer o bem sem olhar a quem.

Mostrou-me que assim se consegue ser feliz de verdade.

 

Nenhuma escola ele cursou, muito se esforçou e assim muito aprendeu.

Na vida formou-se e seus filhos educou com sabedoria e honestidade.

Homem trabalhador, progrediu, não era ambicioso, humilde viveu.

Muitos amigos fez, nesta cidade, quem o conheceu, sabe que é verdade.

 

Construiu o futuro seguro dos filhos, com suas próprias mãos.

Sua fé no Pai Celestial era grandiosa, isso muito o ajudou

a viver dignamente, a ensinar o quão é importante amar aos irmãos.

Seu caminho aqui não trilhou em vão, muito colheu, pois muito semeou.

 

"Seu Martins" era assim conhecido, meu velho pai de nome João.

O tempo que galopa sem parar, doente de repente o encontrou.

E jogar baralho com seus amigos, era a sua distração.

Mesmo enfraquecido, batalhou pela vida, nunca desanimou.

 

Quando o Pai Eterno lá de cima, a sua presença o chamou,

com um sorriso sereno de descanso, ele partiu.

E tudo aquilo que me ensinou, isso pra sempre ficou.

Sua lembrança num retrato me diz: "Que bom, pai, que você existiu"!