Na evolução da escravidão

Nada evoluiu

Pouco mudou

No lugar do tronco, o morro

Ao invés do chicote, a gravata

Como pode-se ver

Não se evoluiu nada

Senzala ou favela, o negro tá lá

Dentro dela

A marmita fria na lata

É mais deprimente que a invenção da feijoada

 

Quem me dera um dia

Tudo mudar

Colocar o zumbi no meu colo

A ninar

O operário no shopping

A gastar, a comprar, a gastar

Mas o operário há muito não sabe o que é um salário

O zumbi nunca ficou tanto tempo sem dormir

Se isso for evoluir

Por favor, me deixe parar por aqui.

Marcos Morales
© Todos os direitos reservados