Lágrimas manchavam o rosto sujo,
Daquela criança tão só no seu sofrer.
Ali acuado mais parecia um sabujo.
Abandonado, teimando em não morrer.
Ó criança sem sonhos!
Teus dias sem alvorada,
Teus olhos sempre tristonhos,
Teu estômago sem nada
Tua vida, um vazio!
Teu futuro, sem esperança!
No teu horizonte sombrio
O que te restará ó criança?
Os que te puseram no mundo,
Não pensaram no destino teu,
Tivessem pensado apenas um segundo,
Não estarias hoje, tal qual Prometeu.
Tu és um inocente que as aves de rapina
Devoram as entranhas famintas que são,
E para satisfazerem a sanha assassina
Destroem os teus sonhos, e te enchem de ilusão.
Culpado tu não és ó infeliz infante!
Culpados são teus pais, e toda sociedade,
Por seres hoje um desgraçado meliante,
Sem esperança que vê morrer sonhos de felicidades.