Das sementes do meu jardim
Brotaram sonhos, sons e poesia
Cresceu a vida e, ao dar por mim
A flor mais bela era a alegria
A Rosa do amor, encarnada
De galho forte desabrochou
Um vento mau e a chuvarada
Mataram a rosa e o galho secou
Em lilás cresceram flores
Simbolizando paixão febril
Mas o sol mordaz tingiu as cores
De cinza chumbo e a paixão sumiu
O amarelo-ouro da Margarida
Mostrava ao jardim o lado doce
E em suspiro mórbido, sorriu ferida
Morreu a planta que vida trouxe
Um cravo branco, de cara fechada
Por dias e dias enfeitou o lugar
Perdeu o viço, e tal alma penada
Deixou-nos sem cor, pra não mais voltar
E a vida assim seguiu, em flores e fantasia
Umas foram, outras ficaram, só aquela era mais forte
Não houve flor que superasse nossa bela alegria
Que foi comigo vida afora, e durou até minha morte