O céu e a terra não nos cabem
E o tempo já não pára.
Penso; concluo que não existo. Sangro, não sara.
Da vida, os homens nada sabem.
O amor só se torna antiquado,
Quando, em nós, ele não mais existe.
Se a mim diriges olhos tristes,
Mais tristes que os teus olhos é o meu presente-passado.
No futuro, me ponho a sonhar,
Beijá-lo, assim como aos teus lábios, nunca pude,
Festejam a esquivar-se de uma alma rude,
Que, aos dois, obstina-se a esperar.
A quem, o tempo, a eternidade negou,
Com migalhas foi acostumado,
Não pôde viver do passado,
Tampouco, no futuro tocou.
De migalha de tempo, lhe restou o presente,
(Desponta em seu rosto um sorriso indolente),
Que sobeja com folga a quem tem um ideal.
Arrebatado por um sentimento inclemente,
Viver o agora, é te amar loucamente,
Sem se preocupar com o momento fatal.
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