Minha desrima é pau de dar em doido (li Manoel de Barros e achei óbvio... um gênio do óbvio, claro). As coisas mais simples ficam escondidas debaixo da vaidade (simplificar é que é complicado), por isso eu queria só um canto de andorinha: é um ou dois pios e muita asa pra que te quero. Te quero, céu de andorinha (pode ser qualquer bicho que voe, vai; menos morcego que me cheira política). Bastava um céu e dois pios que eu largava o papel e ia de escrever poesia de pena nas nuvens. Já pensou, eu lá de cima mirando meu verso na careca de um poeta horizontal? Mas eu me rastejo é aqui embaixo, no céu caído dos óbvios, desviando dos gênios que o chão de cima precipita... E quando eu começo a escrever, essa coisa de cima e baixo perde um pouco a razão de ser, e eu me vejo andorinha, e me sinto ilusão, e de cada ciência no mundo que existe pra ser sabida eu ignoro um punhado (quanto mais sábio, mais coisa tem pra você não saber...)
Mas meu traço ainda é esperto demais pra pouca graça (muito caixão pra pouco defunto). Já esse Manoel, andorinha matreira, é que sabe mesmo não saber dos assuntos...
Acabei de deglutir "O Livro das Ignorãças", do Manoel de Barros. Aquilo é poesia com pê maiúsculo! Quando crescer quero escrever assim...
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