No silêncio da minha sala eu ouço meu pensamento
Eu vejo dentro do meu peito o que ninguém sabe
Havendo desejo que se cabe, eu ainda foco em continuar vivendo
Resistindo pra entender esse meu entrave

Meu olho chora por cada coisa que eu acho bonita
É como se eu transbordasse da vida a emoção de um masoquista
Mas a dupla ametista não chora pela situação maldita
Elas ficam secas diante da minha posição separatista

Eu deveria sentir vontade de ligar, visitar e receber
Mas aqui sozinho no silêncio eu estou bem e confortável
Já não sou mais amável? Será que me tornei amargo ao viver?
Até os amigos e companheiras eu afasto nesse sentimento inescrutável

Eu me sinto fadado a solidão da minha própria estranheza
Fui ferido fatalmente pelo amor estranho de meus projetistas
Mas me tornei alquimista da minha pobreza e riqueza
É por isso que nem Deus e o Diabo entendem a minha fra(n)queza
E assim é o estranho show solo deste esquisito artista

Julio Garcez
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