Por não pensarmos direito, carregamos problemas que poderiam ser evitados. Problemas, que muitas vezes, ocupam, desnecessariamente, o nosso tempo.
Vou dar um exemplo: eu não gosto de colocar roupas na corda. Na verdade, eu não gosto de trabalhar com roupas. Isso se explica, pelo fato, de eu ter trabalhado por 15 anos, consecutivos, em uma empresa, onde uma das funções era a de organizar roupas, por modelo, tamanho e cor.
Imagina uma pessoa, que todos os dias, arruma roupas e roupas... Quinze minutos depois, tem que voltar ao mesmo equipamento e arrumar tudo de novo, porque os clientes misturaram todas as peças e que se não estiver tudo arrumadinho o gerente dá uma bronca.
Uma pessoa que passa por essa experiência não pode ser normal! Tem que ter desenvolvido alguma fobia.
A fobia, entretanto, veio às avessas, pois ao invés de eu ser toda certinha, com gavetas e armários impecáveis, acabei por não querer saber de arrumar roupas.
O Sampaio sabe disso, porque eu expliquei direitinho a ele.
Mas, quando não se tem, o tempo todo, alguém que nos livre de nossas fobias, temos que enfrentá-las.
Voltando a frase lá de cima, sobre como aliviar o sofrimento fazendo algo que não gostamos, a resposta para isso, é tentar fazer as coisas com menos sacrifício. No caso das roupas, eu compro muitos pregadores, todo mês vem um pacote de pregadores nas compras. Recuso-me a economizar pregadores.
Objeto barato! Tem necessidade de eu ficar chateada porque o pregador acabou?
Para quem não se organiza, comprando de véspera, é uma saga: tira o pregador de uma roupa põe na outra, pendura as meias em um pregador só, tira do lençol porque ele está com quatro, junta a pontinha de uma camisa na outra...
Há! Poupe-me!
Para acabar rápido, eu coloco os pregadores numa bolsa, enfio a alça da bolsa no braço, organizo as roupas no ombro e vou andando pelas cordas e pendurando à revelia.
Isso mesmo, à revelia! Eu quero ter o direito de colocar essas benditas roupas à revelia.
Mas aí chega o Sampaio e atrapalha "á revelia".
- Meu amor, quando você for pendurar as calças compridas, não pendure pelo cós, porque demoram mais a secar.
Moral da história: Quando se tem um Sampaio na vida, não se pode cultivar a rebeldia, nem na hora de pôr as roupas na corda. Que coisa hem!
E eu... que estava tão contente fazendo alguma coisa à revelia...