Há coisas que as palavras são incapazes de dizer

E o tempo e espaço não guardam na memória do ser...

 

O que ambicionar de campos impossíveis

Onde frutos de desejos, talvez, jamais florescerão?

Transformamos em metáfora o órgão do coração

Como fonte de tantos sentimentos intransponíveis

 

Mas não é ele que anseia. É o instante: elemento de força,

Que nos faz enxergar muito mais com aspecto eterno

Sem o ser... Sentimos o paraíso mesclado com o inferno

No fragmento dele a declarar: "Tua vontade que se contorça!"

 

É o milésimo em que vemos e sentimos que importa.

Talvez, nunca mais haja amor como foi naquela fração de segundo.

É possível também que ocupasse todo o mundo,

Contudo, a vida não impõe regras retas, mas tortas...

 

As planícies dos sentimentos são sempre férteis

Para gêneses e quaisquer que sejam os renascimentos.

A questão é saber a prudência (ou não) dos relacionamentos

Humanos: onde e como ocorrem; a pluralidade de momentos incérteis...

 

Navegar o oceano de tudo aquilo que é belo, mas platônico.

Podes imaginar o tamanho do tremendo impacto?

Imaginar édens de carícias, onde tudo é intacto

E acordar na devastação de um convencionalismo atômico...

 

Porque por mais que o desejo não seja proibido,

A voz da realidade assim o torna com insensibilidade inclemente.

A sociedade impreca a verdade, sendo que mente,

Mas essa imperfeição é o que temos, e é o que temos sido...

 

Não que amar seja, em suma, uma vergonha,

Entretanto, muitas vezes, não será como o galvânico ferro

A perdurar por tanto... Será mais como momentâneo berro

O qual trouxe forte mensagem, a qual se imponha

 

Para ficar guardada no âmago, sem gozar do contato, como eu disse.

Não que seja meu intuito sincero, posto que amo o idealismo,

Porém, reconheço que existe entre o real e o sonho profundo abismo...

E queria ser sábio para resolver tal impasse... Mas só há em mim tolice.