Nuvens brancas se atropelam sobre as cidades.
As tempestades castigam o litoral desnudo...
É outono. Pelo chão espalham-se folhas secas
Que correm para diversos pontos ao sabor dos ventos.
No céu há riscos que traçam relâmpagos
E, logo, fortes trovoadas inundam os tímpanos.
Sobre planaltos e planícies ouvem-se os ruídos
E intensa chuva galopa encharcando os prados.
O dia morre e a noite se aventura no tempo.
Pássaros alucinados buscam os alojamentos.
Extensa solidão se debruça sobre as horas
E um profundo silêncio se instala no deserto.
A calmaria transpõe a madrugada sinistra
Enquanto os sonhos desenham desejos impossíveis.
Logo um novo dia surge ressabiado.
Com o orvalho da manhã, as aves cantam
Saudando a aurora fria e submersa
Dos vales e campos dum matinal exaurido...
Molhadas, as árvores salpicam gotas de suor,
É o esforço inaudito dum arrebol gripado
Pelos vírus que se aproveitam da enxurrada.
Timidamente o Sol desponta no horizonte
E enche de claridade os recantos inóspitos.
Chega um calor que dissipa a névoa
E, o litoral antes desnudo,
Veste-se de sal sobre a areia faminta!
DE Ivan de Oliveira Melo
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