SONETO
Ialmar Pio Schneider
Era nublado o dia, na manhã
Em que pensava em ti, mirando o rio,
Como se fosses rúbida maçã
A despertar-me o amor horas a fio...
Queria te esquecer e neste afã
Sentia em meu viver um calafrio,
Porquanto és linda, esplêndida, louçã,
E assim deixavas-me pensar, sombrio...
Depois caiu a tarde, desce a noite
No descampado que diviso ao longe
E sinto uma tristeza qual açoite
A castigar-me embalde, é um cilício
Que me tortura que nem fosse um monge,
Aceitando o castigo em sacrifício...
Tristeza, Porto Alegre, RS, 18.06.2010
Às 20h.
SONETO PARA GISLAINE CANALES – a trovadora do mar
Ialmar Pio Schneider
As trovas lindas que compõe Gislaine,
Mostra-a romântica pelo esplendor,
Lembram Paisagens Tristes de Verlaine,
Concebidas nos sonhos e no amor...
Nesta simples visão de trovador,
Modesto, por sinal, que ora se explane
Meu ideal de velho sonhador,
E seu cantar minha tristeza amaine...
Leio as cantigas, sinto a trovadora
Evocar seus anseios de amplidão
Para poder ao longe se espraiar...
Mas, com certeza, tão feliz não fora,
Se a trova não fizesse de oração,
Quando verseja contemplando o mar !
Porto Alegre, RS, Tristeza, 14/06/2010
Às 9h37min.