Numa manha de domingo

Observo o vento

As folhas das arvores batem

A poeira sobe

O tempo parece parar por um instante

Olho minhas maos...elas estão desfarelando 

Desfarelando..como tudo a minha volta

As impressoes estão cada vez mais imprecisas 

Não vejo bordas

Estou cega!

Mas nunca enxerguei tanto

Pois meus olhos não são mais particulares

Estou dividindo-os com o mundo

E no mundo vejo vento e poeira 

E em mim há vento e poeira

E percebo que, afinal, tudo é vento e poeira

Consumindo  aquilo que um dia chamei de "ser alguém"

Trazendo-me de volta para de baixo da terra

Até não restar mais nenhum sopro da minha breve existencia

Talvez,

Uma flor nasça.