Negrume do inverno vem como cobra enrolada sobre si mesmo.
Noite é gélida sobre convés, geleiras passam, escolhendo destinos
Peixe, vivo, ainda pulsa, na mandíbula ancestral,
O “fjord”, por onde navego, fala da purificação do mar,
Das inúmeras tentativas de vencer e conseguir.
Do monstro que produz monstros
O conhecimento infernal
que é para poucos.
A lama que é lama, nada mais.
As cores do inverno traduzem o preto, o escuro,
o enegrecimento da vida, o nigredo, a putrefação, a obra em negro, a sombra
a espera, o descanso, o repouso, a hibernação de tudo.
O frio que transfigura a face e enaltece as marcas do tempo
o bolo frito da chuva, o café, o aconchego da conversa,
o cobertor da cama já tisnado pelo mofo,
a quentura do corpo e a frieza da alma,
faca estripando ovelha ainda viva,
os passos rangendo o madeirame da escada,
Um alto lá da guarda sonolenta, o vento minuano,
o lobo vicejante, lobisomem, recontando, mais uma vez,
a estranha história de um filho sem sorte.
Meu poncho, poema e história.
Pampa que transcende tudo.
O cavalo e o cão.