Deixaste espinhos em meu rosto.

Sinto-me na dor que me dilacera

A pensar, talvez, numa primavera…

 

Teu viço me enlouquece o espírito,

É minha alma ébria que quer amar

E derramar em ti doses dum idílio

A fim de que penses que seja o mar

A cantar-te a sonata do bem querer

E a esperar-te diante de tua janela,

A pensar, talvez, numa primavera…

 

Lembro teus beijos quase sinistros

A arrancar-me duma solidão salina

Que me depôs perante os abismos

E me fez ver-te tua seda de menina

A declamar-se versos de puro amor

E pedir-me que fosse eu tua quimera

A pensar, talvez, numa primavera…

 

Adormeço sobre a saudade do litígio,

Pois meu amor não é mentira, é fogo

Que faz brasa em teu corpo e é abrigo

Da chama que clama volúpia do louco

Que vive a sonhar no degrau e contigo

Quer subir às estrelas da tua passarela

E pensar, pensar, numa linda primavera!

 

 

 

DE Ivan de Oliveira Melo

 

 

Ivan de Oliveira Melo
© Todos os direitos reservados