HUMANIDADE
(Ivan Teorilang)

Seríamos “humanos”, no sentido real da palavra?
Deveríamos aproveitar mais esta nossa curta estadia nesta fase de nossa existência que chamamos de vida, para que, quando partirmos desta, esta passagem não tenha sido em vão. Você, crente de uma nova existência após sua passagem por aqui, existência esta embasada numa teoria divina e sacramentada pela fé em toda sua plenitude, já estarás cônscio da grandeza que te espera.
Mesmo você, que não acredita em nada além desta vida, também poderá se imortalizar, basta que faça desta sua estadia por aqui um exemplo, pois será desta forma que irá se perpetuar na memória daqueles que contigo conviveram, e em casos especiais, poderás até se imortalizar perante o mundo e por décadas ou séculos, dependendo da magnitude daquilo pelo qual tenha sido reconhecido em vida.
Então, qual destes caminhos pretende trilhar? O simples anonimato, sem ter tido nada a acrescentar, mas também nada a te incriminar, o que já seria, de certa forma, reconfortante para sua memória, ou uma vida atribulada, onde nenhuma virtude se tenha instaurado, muito pelo contrário, tudo fizeste para que seus atos fossem recriminados e odiados por muitos? Ou, como terceira e benéfica escolha, se desdobrar a favor de seus semelhantes, não apenas se apiedando, mas acudindo. Não apenas se revoltando por ações alheias, mas procurando outras opções benéficas para substituir aquela. Não apenas dando créditos àqueles que vão às ruas defender direitos dos quais você também será beneficiado, mas indo à luta com eles. Não apenas disfarçando tua irritação quando dentro de um ônibus lotado, ao lado de uma mãe em pé com uma criança aos berros, mas fazendo pelo menos o mínimo para tentar mudar aquele quadro oferecendo seu lugar e se solidarizando com ela. Não apenas deixando de se irritar quando numa fila grande e cansativa estiver, mas oferecendo seu lugar àquela pessoa idosa ou com alguma dificuldade de locomoção. Não apenas escrevendo aqui todas estas ações para serem colocadas em prática por todos, mas exercendo todas ou parte delas, pois é fácil apontar o dedo àquilo que achamos errado, quando o certo seria assumirmos tal obrigação de fato.

Ivan Teorilang
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