Quando soltei tua mão, distraído, foi o meu afogamento,
Em águas bravias e estranhas, em um túrbido afluente...
Era tanto amor, aquele no qual eu nadava, que fiquei demente,
Quando ele terminou como um horrível aniquilamento.
Neste mar onde fiquei à deriva, há um imenso vazio.
Eu me sinto tão liquefeito quanto o mais aquoso líquido.
Esta punição de ter o amor malfadado é um ato iníquido,
Posto que, o sofrimento de perdê-la corre como a água dum rio...
Onde cometi o erro mais terrível e comecei a me afogar?
Quando permiti que fosse tão profundo o teu mergulho,
Que nos distanciamos por distintos sonhos e por orgulho
Imersos em longínquos oceanos, em um tremendo mar?
Quanto amei a tua figura, idolatrei à loucura tua silhueta...
Nunca mais te vi e fiquei desolado, derrotado pelo maremoto
O qual deixou o meu corpo trêmulo e o espírito tão remoto
Em uma ondulação de cores, ora vermelha, ora preta...
É isto o que acontece quando o amor se esvai impiedoso:
Um sepultamento em um impassível túmulo aquático!
Como se recuperar de um trauma corrente e extático,
Se o único ópio para o mesmo é um adormecer tuberculoso?
Erro agora como um andarilho exausto o qual apenas carrega mágoa.
Estou preso ao passado, à ermo, como um navio fantasma...
Meu coração não passa de um ambulante e único miasma,
O qual não pode mais amar, mas corre perpétuo como a água...
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