DIÁRIO DE UM SOBREVIVENTE

05:45 o alarme desperta

Hora de lavar o rosto

Outro dia começa

Na mesa do café

O pão todo murchinho

Uma olhadela rápida

Saio de fininho

No ponto de ônibus

O negócio tá feio

Uma hora de atraso

E ainda vem cheio

O motorista olha assustado

Com a onda de violência

Melhor tomar cuidado

40 sentados e 40 em pé

Pra sobreviver aqui

Tem que ter muita fé

Na estação de trem 

Não é diferente

Um olhar sobre os ombros

Vejo um mar de gente

Lá ao longe a Engenhoca

Chega de mansinho

Começa então a guerra

Pra conseguir um cantinho

Preto, branco, magro não importa

Aqui não tem jeito

Todo mundo se encosta

Passos apressados

Passam pelo vão

Trabalhadores cansados

Lutam pelo seu pão

Chegar ao serviço

Atender o freguês

Trabalhar o dia todo

Com R$ 622,00 por mês

Todo dia por aqui é assim

Se bobear passam por cima de mim

Aqui vamos nós São Paulo

Entra ano e sai ano

Dia após dia

Essa é a “vida de um Paulistano”...