como diria meu amigo eliésio

foi um tempo

que o tempo

nao parou

 

noite ou dia,

que era eu

um professor

meio ateu,

os exemplos se fundiam 

em "o cavalo morreu"

 

 

fora o professor

nem pouco mestre,

nem doutor

básico,

modesto, 

sonhador.

 

falava ele

falava eu

falava meu 

só tem esse exemplo:

"o cavalo morreu"?

 

uma vez,

numa aula da vez

de gramática, potuguês

da morfologia

à sintaxe, eu já dizia

"meu: o cavalo morreu"

 

num passado

não muito distante

que o tempo passou adiante

de forma radiante

 

foi se uma época

de aulas e aulas,  

de células pensantes

e neurônios e pestanas e livros vivos

do professor, emoção

so restou a recordação

 

meu amigo.

meu irmao

nas cordas do meu violão,

hilária reflexão

 

isso era o que nos comovia

como dizia

o velho raul

seja norte

seja o sul

o ponto de vista

era o exemplo da questão

 eis aí a razao

 

racional

não era

o ser animal

não saia da cabeça

antes que eu esuqeça: 

"meu, o cavalo morreu"

 

bons tempos 

boas gargalhadas

a vida passa

passa, sem graça

 

o tempo não envelhece

e o poeta faz a sua prece,

mesmo um dia sendo ele, ateu

ele disse  "meu o cavalo morreu"

JÂNIO MOREIRA
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