Ah! Ah!Ah!  Minha machadinha
Quem te roubou sabia que eras minha.
A estrada era longa
Cheia de espinhos,
E contigo eu cortava as ervas daninhas,
Os  troncos do caminho,
Abria novas trilhas.
 
Sem ti
Meu sol não brilha,
Só escuto o pio da araponga
E a coruja em sua tristeza,
Pensativa, parada,
Com o olhar perdido no nada.
 
Ah! Ah!Ah!  Minha machadinha
Tu eras minha e eu era tua.
Sem mágoas eu te punha no meio da rua
Nas noites escuras, estreladas e de lua,
Mas tu voltavas sempre.
 
Eu fiquei sozinha
Na casinha branca sem porta
A mercê da Amora Torta.
 Sem o tesouro
Da galinha dos ovos de ouro,
Sem a boa fada, sem a sereia
Sem os diamantes escondidos sob a areia.
 
Sem o castelo de doces,
Sem coelho, sem chapéu,
Sem o cabelo de Rapunzel,
Sem o homem de lata,
Sem príncipes, sem Simbá,
Sem tapete pra voar,
Sem o rei Arthur, sem o mar,
Sem a alegria de Ali-babá.
 
Fiquei sozinha no mundo
Sem os soldadinhos de chumbo,
Triste e apavorada
Com medo da maçã envenenada.
 
Ah! Ah!Ah! Minha machadinha
Quem te roubou sabendo que eras minha
Silenciou meu canto de roda,
Me colocou num alçapão,
Roubou também minha esperança
E meu coração...

 
 

Nair Damasceno
© Todos os direitos reservados