Entremeios

(imagem copiada do Google)

 

 Não quero ser começo nem fim
e sim entremeio dos enredos
onde a essência reside sem medo,
sem prever o que está por vir...



Não quero ser flor nem espinho;
o meio termo é que determina o caminho
e o cultivo traz a satisfação de ter deixado
em cada trecho, sangue, suor e carinho.

Não quero ser profana nem sagrada
mas sucumbir na palavra sacramentada
e conhecer os dois lados da vida...
colher o que me coube ao longo dessa estrada.

Não quero ser canção ou melodia
mas do piano, as notas musicais,
ainda espremidas em solfejados ais
num ritual que leva à sinfonia. 

Não quero ser Romeu nem Julieta,
chorar a dor do sentimento arrebatado,
mas sim o canto da cotovia
anunciando um amor inacabado...

Não quero ser rio nem oceano,
mas a gota que falta pra preencher o vazio
e transbordar no estio do sertão
o pranto feito um elo de restauração.


_Carmen Lúcia_