Sabe, aquela janela quebrada, aquela porta aberta,
Aqueles cacos, ali, jogados no chão,
Partes de janela, partes de mim?
Coração exposto, que batia na mão?
Sabe, aquele sangue que jorrava?
Era eu e Poesia
Que dançávamos, solitos, com a Vida,
Esperando
Sentido, sentimento, caminho, fórmula, panacéia, remédio, compaixão.
Deve haver um!
Para coração despedaçado, destroçado,
Que precisa ir em frente
Sustentando
Pernas desobedientes e dormentes
De quem está aprendendo andar pela primeira vez
E, desesperadamente,
Procura ver,
Por traz da última nuvem,
do último pôr-do-sol,
Do último dia de nossas vidas.

Existem momentos em que a vida precisa de uma fotocópia, de preferência, perfeita, bela, pura, verdadeira.

Bagé/RS, 23 de dezembro de 2005