Como cigarra quero ser
Para viver só de cantar
As belezas de minha terra
Que faz todos adimirar.
Cantarei o agreste
O sertão e o mar,
A planície verdejante
Onde o gado fica a pastar.
Cantarei a linda morena
Que em um vestido de chita,
Fica tão graciosa,
Quanto a Maria Bonita.
Cantarei o aboio
Da vaqueirama encourada,
Que adentram nas caatingas,
Para domar rezes desgarradas.
Cantarei o Rio São Francisco
Padre Cícero e Lampião.
E os pequenos açudes
Que matam a sede do povo do sertão.
Cantarei com fé
Na grande procissão
Do Bom Jesus da lapa
Padroeiro do meu sertão.
Cantarei os repentistas
Que na feira reúnem multidão,
E cada repente tirado
Recebem aplausos de coração.
Cantarei o luar de prata
Que clareando as verdes matas
Me inspira a cantar.
Cantarei O Canto da Terra,
Cantarei moça bonita
Cantarei terra bendita
Cantarei o sabiá.
Cantarei chapéu de couro
Cantarei chifre de touro
Cantarei o carcará.
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