Largado,
Uma cria do Abandono,
Para as folhas secas
Olha-me,
Você ainda pode varrer-me daqui
Não quero sujar a sua calçada

Mas também não quero deixa-la
Mas temos que continuar
E o vento é fatal
Para as folhas secas
E este não é o outono
Mas os sopros me levarão
Para outras direções

Mas também não quero deixa-la
Existem saídas para nós
Eles reaproveitam as coisas
Para as folhas secas
Aquelas sem vida
Vermelhas ou já amareladas
Todos têm molduras nas paredes

Mas também não posso tira-la daqui
Algumas pessoas são cultas
Elas leem livros de amor e se atentam
Para as folhas secas
Marcam páginas 
Os capítulos mais amáveis
Mancham-se profundamente
Com contornos tristes da natureza

Mas eu não posso mais marca-la
Não quero sujar as suas páginas
Você ainda pode tirar-me daqui
Olhe para minha forma,
Para esta folha seca,
É o contorno de seu coração
Tão amado

Mas você não pode me esquecer
Eu sou a folha seca
Que pousou,
Que manchou,
Que marcou...

Que voou

Alexandre Luiz Gobeti
© Todos os direitos reservados