TERRA ONDE NASCI (Ofereço aos meus conterrâneos)

 
Barbalha do agreste meu rincão querido
Que entre palmeiras me viste nascer
És meu idílio meu sonho dourado
Em pouco tempo pretendo te ver
 
Se a muito não fui perdoi-me amiga
Pois meu desejo sempre foi ardente
As circunstâncias de tal me impediram
Mas este dever trago em minha mente
 
Quero sentir teu calor materno
Ver o teu sol que me iluminou
Quando nasci no teu seio amigo
E me acolheste com teu puro amor
 
Sou tua filha e muito me orgulho
Rainha do Norte princesa querida
Foste a primeira a me embalar
Quando abri os olhos pra sentir a vida
 
Quanto te devo terra abençoada
Brisa celeste que me inebriou
Eu que chegava tenra e amedrontada
Do teu peito amigo recebi calor
 
Quero com prazer te visitar
Pois em criança de ti me afastei
Antes que a vida me seja levada
Quero que saibas que sempre te amei!
 
Quando não mais meu sopro existir
Saudosas lembranças de ti levarei
Em todo trajeto pensarei em ti
Feliz jubilosa a ti cantarei
 
Lindo hino que é teu somente
Que para ti fiz cheia de saudade
Nos versos te canto com amor eterno
Derramando pranto de felicidade
 
Ter-te como mãe nascer em teu solo
Honrada e feliz seguirei contente
Irei nas nuvens sempre visitar-te
Para ver se ainda tenho aí alguns parentes
 
Quando houver mudança no horizonte
Abra bem teus olhos, pois me verás
Derramarei em teu solo chuvas constantes
Não haverá mais seca no meu Ceará
 
Sou de duas famílias renomadas
De um lado o poeta JOSÉ DE ALENCAR
Do outro os consagrados SAMPAIOS
Que orgulhosamente uso me assinar
 
Dei estes sobrenomes a todos meus filhos
Pois a tradição é muito importante
Neste rincão amigo julgo encontrar
Saudosas raízes que deixei por lá
 
O bom filho não esquece o seu torrão
Guarda no íntimo doces lembranças
Recorda com saudade tudo que passou
E na velhice volta a ser CRIANÇA.