E te deixei ir embora

Há tanto sabíamos não iria voltar

E minha alma mal relembra o outrora

No entanto seu lugar não consegue recordar

E na desorientação ao te perder

Sorri com vindoura esperança

Percebi a que foi construído algo que em mim jamais viria a morrer

Simultaneamente certificando-me que em teus olhos guardava-me como doce lembrança

E sei que és feliz, muito mais que por um triz

Aceito como fato, abnego, porém não renego

E encontrei fórmula para viver, tal qual nunca fiz

Impregnada de fingimento inerente, acredito teu amor novamente não ser o que neste mundo mais quero

E assim paro de contar os dias

Cerrando os olhos pairo no “além”

E não mais comparo felicidades hipócritas com nossas ingênuas alegrias

Não, é imperativa a ignorância sobre a perfeição da qual o passado é refém

E viverei assim para sempre

Um corpo a fluir, um ser a sorrir

E rezarei bem baixinho para que quem saiba, de repente

Não desfaleça no esquecimento a crença aturdida do ressurgimento de ti, não lhe deixei partir

17.10.05