Surto De Mim Mesmo

 Caminho sem sair do lugar

Como se observasse sua imagem em um outdoor qualquer,

Mas você não está lá e nem mais aqui.

Minha alma pergunta a mim mesmo:

"Onde você dormiu na noite passada?"

Eu nem sei mais responder... Meu quarto nem parece mais meu quarto...

 

Sinto calor, mas de repente é só febre.

Tenho certas obsessões, talvez, surtos.

Penso demais em alguém, mas nem sei se penso

Em como este alguém está se sentindo ou

Se está sentindo o que eu quero que ela sinta.

É estranho isso, mas não posso abrir mão.

 

Tenho aquelas angústias de não saber o que fazer

Mesmo sabendo o que deve ser feito.

Não perdi minha opinião própria, mas parece

Que os outros cismam em tentar me guiar.

Fumo vários cigarros, embora, tivesse jurado parar.

Ouço músicas depressivas menos pela minha situação

E mais porque eu gosto delas.

 

Tenho pouca paciência para mim mesmo

E quem dirá para os problemas alheios,

Mas ainda assim, ajudo-os com tudo o que tenho

Sem esperar sequer um sorriso amarelo como resposta.

Tudo muito estranho, de repente estou pirando.

Tudo muito vazio, nem sei como me comportar.

 

Acho que estou cansado de mim mesmo,

Mas já mudei bastante.

Estou enjoado de sentir como me sinto,

Mas isso não quer dizer que sou mal ou que sou bom.

Não gosto de errar com ninguém, mas faz parte

E cada pessoa é como um labirinto em constante mudança.

 

A cada dia é como se um ano tivesse se passado

E mesmo assim foi apenas um dia.

Estou preso na ideia de mudança e preso, fico sem mudar.

Complicado, sem sentido, para a vida não há anestesia...

E me lembro, enquanto parado em frente ao outdoor

Que a melhor coisa que já me aconteceu não é mais minha,

Mas que pode ser, se eu esperar, quem sabe quanto tempo?

Esse outdoor... Essa lembrança, meu amigo...

É como estar em porre, em um surto de si mesmo...