O que é esta sensação dolorosa que insistentemente me persegue?

Vivi em um dia tormentos de mais de dez anos,

Suportei injúrias após injúrias, pesares enormes, sobre-humanos

E meu espírito ainda está preso ao teu... Como ele ainda consegue?!

 

Em cada momento, em cada lugar tudo o que vejo é o teu rosto.

Teu corpo é o que vejo a cada corpo que por mim passa.

Alucino: Estás mesmo em locais em que nunca estivemos juntos; e para minha desgraça

És ainda meu mundo inteiro, meu nascer do sol e meu sol posto...

 

Eu respiro teu hálito, sinto tua boca na minha, sinto saudades do teu sorriso.

Sentes acaso minha falta? Será que eu fui importante para ti também?

Fui pueril em meus sentimentos? Te decepcionei de alguma forma meu bem?

O dia mais ensolarado parece desabar em mim uma áspera chuva de granizo...

 

Por que agora parece que entre nós dois há eternamente um abismo

Se eu te dei asas para voar? Se eu mesmo estreitaria tal fenda?

Mesmo passando por cima de todo o sofrimento, pois tu és a minha senda,

Aquela que me atrai com um único e místico magnetismo.

 

Eu vivi um paraíso, sonhei-o e quando acordei percebi que nada mais me seduz...

Abaixei minha guarda e feriste-me com uma afiada e certeira flecha.

E agora, sangro sem parar, morrendo, escorrendo o sangue por esta brecha...

Está tudo escuro... Tudo se paralisa... Nem céu e nem inferno depois da luz...