Pede-me com teu olhar de seda,
Para que a paz te conceda,
Que te diga: ‘não há nada a lembrar’.
Mas não direi.

Pede-me com tua boca silente,
Para seguir em frente,
Para em tua vida só passar.
Mas não passarei.

Pede-me com teu sorriso prateado,
Que te fale: ‘está tudo acabado’,
Que mude e pare de sonhar.
Mas não falarei.

Implora-me com tua presença de bruma
Que saia, que passe, que suma,
Que me encontre noutro lugar.
Mas não o farei.

Implora-me com tua lembrança de vento,
Que condene a mim mesma ao esquecimento,
E qual borboleta ponha-me a voar.
Mas não esquecerei.

Implora-me com tua voz de veludo,
Que desista do nada, de tudo.
Mas não vou desistir _de lutar, de chorar_
Senão morrerei.

Quando o sonho acaba e aquele que acorda tenta voltar a sonhar.

madrugada de insônia