fumo um cigarro na varanda,
em sossego… descontraído…
de cotovelos pousados…
debruçado… eu fumo…
a olhar a minha rua…



reparo pormenores anteriores,
sem quaisquer influências…
como sempre tento…



e hoje…
assim descansado…
eu faço-o bem…



parece escura a minha rua,
hoje ela está diferente…



talvez devido ao dia que esteve,
tão brilhante… quente…



talvez o contraste o faça parecer,
porque… a rua não muda,
só eu… e quem por lá passa…



mas esta luz… minha vizinha…
que acende… e que apaga,
intermitente… parece um farol,
ilumina por vezes quem por ela passa,
outras… deixa na penumbra…



sem critérios…
ou assim por mim julgado…
ela apaga quando bem quer…
só ilumina ao acaso…
por sorte de quem precisa,
ou azar de quem não tem…



e o meu fumo sobe directo,
sem vento… ou aragem…
na varanda… estou bem…



olho… fixo o outro lado da rua,
as escadas… e os seu degraus,
claramente muito utilizados,
por tantos pés pisados…
perturbados… desgastados,
já sem cantos… arredondados…



são sinal do cansaço de quem as sobe,
polidos pelo arrastar das solas,
de quem o faz diariamente…
ou por acaso… eventualmente…



são tantos e muitos degraus…
em escadas… diversas… várias…
e são o inicio… e também o fim…
desta rua… onde vivo…
que agora em silencio,
vê o meu fumo a subir…



apago o cigarro…
e recolho-me…
ao conforto…
que orgulhoso,
eu… posso…
eu afirmo…
possuir !
 

Santa Catarina, Lx em 11-03-2012

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