O perdido é ter a sensação de crateras
[ a prova que estais mais ainda aqui
O ausente é o que está em mim, que ficou
arrancando pedaços
[ o pedaço, a referência, a dor
O perdido é somente um traço , um rosto
[ uma máscara no tempo
O ausente é o sereno aluvião, do sangue silencioso
[ em veias e artérias domadas
O perdido é o inaudível da tua presença, na imaginação
[ da selva inerte do que passou
O ausente é minha alma pela beira do presente
[ feixe fino e quebradiço; vergando-se
O perdido é minha expressão, sumo e resumo
[ do reclamo ao longe, em léguas e léguas
Há entretanto alguma coisa de vulto, visagem
talvez sombra de ti, nessa erosão
[ de longos sulcos a me reduzir
Eu que insistia e guardava e perdia sempre
[ no tudo que nos desfez
Em tudo que tão não fomos
[ do tudo que tão . . . deixamos de ser
© Todos os direitos reservados