Deixarei a vida sob os aplausos
De minhas próprias mãos inertes,
Deixarei para trás o silencio
Que outrora povoava minha alma vazia.

Deixarei que palavras
Que nunca falei, se apaguem de minha memória,
Desfazendo-se em cinzas
E se dissipando ao vento da eternidade

Deixarei pedaços de mim
Nos caminhos por onde andei,
Como rastros difusos
Que da vida busquei

Deixarei para trás lembranças
Como quem deixa bilhetes amassados sobre a comoda,
Buscando no pensamento a eternidade
Que meu frágil corpo não alcança.

Deixarei para trás silêncios
E solidões sem fim,
Amargos anos de pura visão
De uma solidão maior que estava por vir.

E esse silencio maior
Que em mim povoa a mente de desvarios incontidos,
Lança-me no abismo da existência
Como se nunca antes houvesse vivido.