Gritos meus quão fortes!
Que entornam até as nuvens no ar.
Sonhado mundo meu, perdido na sorte.

Eu e o cais
Na vacuidade da partida;
Minha metade, ou toda a vida
Entretida com afazeres superficiais.

Hoje não choro nem grito
Neste mundo grande, vejo, carcomidos,
Meus sonhos reais.
Hoje sou eu comigo
E ninguém mais.

Ímpar...
Um esgueirar feito a loucura,
Não obstante, para completar
Veio-me o olvidamento em brancura.

A imprevisão sem freio
E eu interiormente alheio
Como os anônimos transeuntes nas ruas.

Com, no soturno rosto,
O amargo gosto - desgosto -
De serem donos de si;

Desprovidos do "ser", sequer sabem aonde ir
Vêem o tempo safando-se aos poucos
Às entranhas de suas mãos.

Depois, toda essa gente
Regressa sem direção;
Pendentes, os passos continuam.

Entre o contexto de Deus
E tais figurantes deste teatro
Há imensurável hiato.

Uns admoestados pela visão onírica,
Outros ativados pela doutrina capitalista,
atiram aos leões a vida, estes ateus.

Curitiba