- Eis-nos, finalmente chegados à margem.
Sabes que rio é este? Pergunta
Brutos ao seu Conselheiro-Mor. Junta
as tropas, porque vamos passar! - Sabes quem
vive na outra margem? Será gente
bárbara, capaz de usar cicuta?
Ou gente culta, sagaz e não carente?
- Este... é o Rio Tejo. O Rio
do Esquecimento! Quem nele já passou,
esqueceu o sofrimento de quem lutou,
frio passou e em tormentas navegou
por mares e povos desconhecidos,
para quem ali nasceu e ali ficou,
tivessem grandeza nos dias vividos!
- Então, trata-se de gente primitiva?!
- Não! É gente encantada, enganada
com a doutrina de Sócrates, errada,
que afirma não haver alternativa
à sua pregação autoritária!
São pessoas de bem, que esperançada,
não dá cicuta a tal doutrinária!
Então que vamos fazer? Atravessamos,
ou voltamos para trás? Que te parece?
Digo, meu Senhor: - Este povo merece
que o aconselhemos e lhes digamos
que estão errados e a cicuta em
Àgora deverá ser usada. Pensamos
que Atenas precisa de ir mais Além!
Faremos deste rio, que avançamos,
O Rio do Conhecimento. Quem nele
passar, jamais irá esquecer o que nele
viveu! Não há medo a temer! Digamos
em Àgora, que esta falsa doutrina,
sua moeda terá que pagar! Na pele,
Sócrates foi lobo! Não foi Agripina!
É disto que falaremos ao povo.
Que lutem. Que nada têm a temer!
Que honrem quem este rio fez crescer!
Que este discurso, que não é novo,
colherá cicuta. Nesse momento,
este rio irá mudar. Vai crescer
em Vontade, Saber e Conhecimento!
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