A poesia que trago

A poesia que trago

Faz tempo que não faço versos,
só vejo no belo
inversos, flagelos...
Perdi-me em meio a palavras
outrora tecidas, hoje desgastadas
clamando o que me transtorna,
jorrando pra fora razões desastrosas.
 
 
Faz tempo não junto palavras,
meu verso é  reverso,
meu grito é calado...
Meu eu só externa protesto,
materializa o que testo,
versos em desagravo...
 
Não sinto aquilo que digo
e o que digo condiz
com a farsa que espalho...
As  rimas me fogem à galope
como tenta fugir
do feitor, o vassalo.
 
Há tempo que sonho acordada
e não amanheço, só noite escalada...
Espero traçar nos espaços
das folhas em branco
a poesia que trago.
 
 
 
Carmen Lúcia