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Adriana Janaína Poeta

O poeta mergulha em águas turvas,
alcança o divino e o profano,
é aquele que alcança a imensidão,
o inferno e o paraíso,
tudo está diante do seu olhar.
Vestido de anjo,
tem os pés no abismo,
o céu descortina com sua pena.
É o seu sentimento
a sagrada chave,
a maçaneta que gira
e abre as portas.
No mar ele mergulha,
profundezas de solidão e lágrimas.
O poeta é um anjo,
um ser hibrido
agarrado entre os mundos,
aquele que esculpe a palavra
com seus punhos
e sangra o amor
inspirado pelo divino.
Luz e trevas conhece profundamente,
são as cores do crepusculo
e as matizes douradas do amanhecer
de onde imerge vez por outra
enquanto escreve e suspira.
O poeta está sempre no combate,
entre a lua e o sol,
é a pena e as estrelas,
por isso o seu olhar é o abismo,
o que carrega o infinito,
a teia onde a trama da vida é revelada,
a região que oscila entre as trevas
e a luz mais brilhante,
o martelo que sacode a opinião das massas,
a chama que aponta o futuro,
o primeiro passo para a jornada.
o poeta é o artesão
que concede a vida,
não é mais o seu mentor
mas agora passa a ser mais um observador,
é o espelho que mira e declara
o que a alma do mundo sussurra.
O poeta é o inconsciente a luz da palavra,
um coração talhado em versos,
o andarilho errante,
o viajante solitário.

Adriana Janaína Poeta
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