Fecundando

 






 




Quantas vezes
penetrei carnes úmidas
certo que estive
de que era assim mesmo...


Quantas vezes deliciei-me
e propus prazer
sem nem ao menos saber
se aquilo fora do mesmo...


Ahhh... Quanta bobagem!




Que miragens desfalecendo
no segundo que antecede o gozo!
Meu falo falecendo,
e outras possibilidades morrendo
quando evitei
que a vida continuasse
através de mim.




E desde hoje,
com esse bendito papel maldito nas mãos,
sei que novamente
procriarei segundo os dogmas cristãos
e assim irei povoar
o planeta com mais ogrinhos verdes...




Mas, só sei que tenho sede pelo teu corpo
e que se te fecundei , um dia,
onde está o nosso filho morto?




Quiçá, adormecido
aguardando ser de fato concebido,
fecundado, aguardado e entendido
como a conquista que faltou
na nossa estória pessoal.




Sejamos
eu e você
dois anônimos nesse carnaval...
Encontremo-nos,
trepemos ,
deixemos aqueles lençóis ensopados
com nosso suor
nosso gozo
e nossas lágrimas.


E fumemos -nós dois-
um cigarro cancerígeno!...




Quem sabe possa ser -mesmo- possível
que renasçamos
após a doença!
Já esperamos demais
por essa crença
que enganou-nos ao admitir
que nada fizemos de errado...
Fecundemo-nos
como aqueles outrora enamorados
que estiveram sob o risco sagrado
de ir além
do que recomendam
as
escrituras.

Ogro da Fiona
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