Escorpiana

 

Seu veneno é doce
como a saliva que escorre,
e ela escolhe
o destino da presa.

Não me causa surpresa
vê-la assim vestida de pele,
desnuda no que se revele
paixão, tesão e incerteza.

Também é tigresa
de unhas vermelhas,
sua face logo avermelha
quando recebe meu corpo,
e sinto-me morto
dentro dela.


Olhos de um quase negro
que, não nego,
hipnotizam ;
olhos que seduzem e cativam
a porção humana
que meu bicho possuí.


Escorpionicamente,
o que se conclui
é que sinto falta
daquele veneno que me mata,
daquela sua mata
cujo sabor
ainda possuo invadido em minha língua;
é aquela intoxicação
onde não míngua
o desejo suicida
de ser picado
por ela.


A escorpiana...?


É nome que
não
se
revela.

Ogro da Fiona
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