... quando cessará meu tormento?

Beijo velhas palavras
Como suspiros de suprema oratória
Olhando no próprio rosto e vendo Deus em velcro
De alguma forma abençoando toda a poeira
Que se esconde na queda do amor em desgraça
E nos passos rítmicos da dor
No pavor da graça sem graça de cada dia

Mordo e beijo novas palavras
Como brinquedo novo nas mãos de uma criança
Deformada pelo sufocamento da eterna promessa
E seduzida pelos votos selvagens
Logo, há de se deduzir assim:
Somos todos cúmplices do mesmo martírio
Amantes solenes de um grandioso papel

Agora, beije-me tirando pedaços
Como em doçura selvagem
Na promiscuidade de uma beleza infame
Que se autoproclama no enegrecimento alheio
De folhas caídas e sujas
Na dança final
De uma vida momentânea e incessante

Escreva-me em teu beijo,
Ao som de um piano qualquer
Eu te amo, então me mate

markquerido
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