O RELICÁRIO DE VIVÊNCIAS

                  
 
 
Ao pé da colina das Esmeraldas desvanecidas,
Contemplo o fluxo oceânico
De Sáfaras, Opalas, Ametistas, Safiras, Jades, Pérolas e Turmalinas
Fluir infrenemente em direção
A uma enigmática neblina.
 
 
Como que insólita
E miraculosamente
Minha humilde perspectiva
Abissalmente se amplifica:
Enxergo, de forma nítida,
No âmago da densa e calma
Massa gasosa de naftalina,
A sorumbática chegada,
A horrenda masmorra,
O aterrador cadafalso,
A lancinante calmaria,
A iminente, ineludível e fatal partida.
 
 
 
 
Então sôfrego
Para que as aquarelas,
Auroras, auréolas
E noites da etérea primavera
Refluam-me novamente
Ao córtex de um niilista sem cura,
Vou ao encontro da cordilheira
Das minhas chagas abertas e devolutas
Pois suplantam  toda ou qualquer agrimensura.
 
 
 
 
 
Ah, na verdade,                                                              
Como eu gostaria de que estas lembranças
Rapidamente se dissolvessem igual a gelo
Sob o efeito do inclemente sol do Saara.
No entanto é uma leda vã ilusão sádica:
elas agem conforme fossem Antártida intacta!
 
 
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
 
 
 
 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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