Encontro de dois compadres

 
Aconteceu no passado
Lá na minha região
Um episódio engraçado
Que me chamou atenção
Dois compadres se encontraram
Ali os dois se abraçaram
Dando provas de amizade
Era num dia de feira
Dia que o povo da ribeira
Se reune na cidade
 
Um se chamava Rufino
O outro Sebastião
Desde o tempo de menino
Amigos de coração
Foram compadres depois
A amizade dos dois
Aumentou sem paradeiro
Por ser grande a amizade
Todo encontro na cidade
Conversavam o dia inteiro
 
Rufino quando avistou
Compadre Sebastião
De longe logo gritou
Oi compadre cadê João
O meu querido afilhado
Ainda está gordo rolado
Ou já está descaído
Sebastião sem demora
Respondeu na mesma hora
Está é gordo e sabido
 
Rufino para saber
Da família do compadre
Disse venha me dizer
Como vai minha comadre
Ainda vive adoentada
Ou já está melhorada
Não sofreu mais macacôa
Sebastião respeondeu
Nunca mais adoeceu
Parece que ficou boa
 
Rufino perguntou mais
Compadre cadê Raimundo
Voltou de Minas Gerais
Ou ainda está pelo mundo
Sebastião deu um pigarro
Acendeu logo um cigarro
E respondeu lentamente
Raimundo eu mandei buscar
Pra ele me ajudar
Eu enfrentar o batente
 
Rufino respondeu certo
Filho é ajudar o pai
Só presta um do outro perto
Se não a coisa não vai
Sebastião disse assim
Trouxe pra perto de mim
Que ele é metido atrevido
Foi não foi quer me gritar
Se ele não respeitar
Eu vou no seu pé do ouvido
 
Sebastião meio nervoso
Disse minha volta é crua
Não crio filho preguiçoso
Perambulando na rua
Crio os meus filhos no eito
Mais posso bater no peito
Falo de peito empolado
Até hoje tive um prazer
Nenhum gosta de beber
Pois nenhum é viciado
 
Pode sofrer aperreio
Passar fome andar liso
Nunca mexeram no alheio
Falar a verdade é preciso
O vício é só trabalhar
E de noite se deitar
Enfadado do roçado
Aos domingos ninguém sai
Se na casa de um vizinho vai
É para dar um recado
 
O tempo foi se passando
Começou a escurecer
Foi quando foram lembrando
De muita coisa a fazer
O mercado já fechado
Um gritou bem assustado
Onde a feira eu vou comprar
A família me esperando
O alimento faltando
E sem nada pra levar
 
O grito foi de Rufino
Sem saber o que fazer
Falta açúcar pra o menino
Não tem feijão pra comer
Sebastião disse calma
Compadre da minha alma
A culpa foi de nós dois
Nós vamos voltar pra casa
Nem que a mulher pise em brasa
Tudo fica pra depois
 
Esse fato acontecido
De exemplo vai ficar
Nenhum ficou esquecido
Nenhum quer mais conversar
Apenas se cumprimentam
Desculpas eles inventam
Não falam mais nas comadres
O papo ficou de lado
Nunca mais foi registrado
O encontro dos dois compadres