Há poesias que passam depressa
Por exemplo o tempo, em voltas expresso
Sem preço de volta, em números preso,
Sempre tão disperso que se recomeça
Em seu próprio avesso...
Há poesias que nunca começam
Por exemplo o que eu peço pra me acontecer
Mas que por apreço de Deus pra comigo
Nem mesmo ingressam no meu parecer
Se me havia perigo de não vir crescer...
Há poesias que sempre se rimam
Por exemplo as vidas que buscam se amar
E medem palavras 'té que se combinam,
Se animam, se atraem, contraem romance
E sem que se cansem rumam-se a rimar...
Há poesias que quase nos choram
Por exemplo os olhos quando enfim enxergam
No sofrimento a razão de ajudar
E na alegria a razão de estar vendo
As coisas que vêm e são
E as outras que, sem mais, vão
Porém ainda estão, tal qual olhos vendo,
Continuamente vivendo...
Há poesias que nunca escrevemos
Há poesias que nunca terminam:
Exemplo!..
...O exemplo jamais termina
Porque é presente quando é passado
De um para outro: é ele que fica, é ele que ensina
Expande-se, rende-se, esvazia-se,
Conta o que antes de então não se via,
E seria finito se não o elegêssemos
Para sempre...
...(Um exemplo de que há poesias que nunca terminam é isso aqui! Deixa eu salvar logo senão não tem fim a coisa!)
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