CRIANÇA À MODA ANTIGA

        CRIANÇA Á MODA ANTIGA
 
 
 
Me lembro quando saíamos com o papai de carro não havia a preocupação com a loucura do trânsito e nem com a segurança pessoal, não tínhamos cintos de segurança, apoio de cabeça ou air-bags, tínhamos apenas a consciência do papai de que estava nos levando pra passear, e isso nos bastava.
Que saudade da velha bicicleta, que nos fazia suar quando andáva-mos velozmente a Cinco km por hora, sem capacetes, joelheiras, caneleiras, cotuveleiras e etc...
Quando tínhamos sede, bebíamos água da primeira torneira de jardim que encontrávamos, aliás, água era sempre uma festa, principalmente quando chovia e podíamos tomar banho nas enxurradas, fazendo barreiras de pedras com barro e colocando nossos barquinhos pra navegar, interessante é que ninguém ficava doente por isso.
Todos os dias era uma aventura diferente ...
Depois veio a modernidade , o asfalto chegou , e com ele , a maior sensação já inventada , o carrinho de rolimã , nunca existiu uma invenção tão boa , a sensação de ser um piloto de baratinha , isso era demais , mas , como velocidade não é tudo , precisava sobrar tempo para soltar pipa , jogar bolinha de gude , jogar finca e tudo mais, desde que respeitássemos a única lei que nossos pais nos impunham: Voltar pra casa ao anoitecer.
Quando íamos e voltávamos do colégio a pé , não carregávamos celulares , nossos pais não se preocupavam onde estávamos , eles não nos prendiam em casa , pois tínhamos o melhor entretenimento que uma criança podia ter , amigos , muitos amigos.
Depois do almoço, do dever de casa, vinha o melhor, tarde livre para brincar, e isso, nós sabíamos fazer.
Todos tínhamos  cachorros, aos quais dávamos banho de torneira, ensaboando com bola de sabão caseiro, não raras vezes, compartilhávamos o mesmo banho, depois corríamos com eles pelas ruas para secá-los, interessante é que eles gostavam , principalmente do resto do almoço da família, e isto não lhes fazia mal, posto que nem eles nem nós adoecíamos, e quando acontecia de ficarmos doentes, papai até deixava o cachorro ficar no quarto nos fazendo companhia.
Tudo era seguro, jogar bola na terra, tomar banho no córrego, soltar pipa na rua  e até puxar cobrinha no portão á noite só para ver os adultos correndo de medo.
 Que saudade de ser criança à moda antiga.

Moises de Carvalho Romero
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