Eu amo a escuridão...
Pois aqui, diante do céu estrelado,
Sei que se dissipam todos os limites.
Mas também sei que algum deles aqui dentro ainda persiste...
- E é por isso mesmo que eu sei que não tenho voado!
(Mas não é por falta de convite
Que esse meu peito não desiste
E se transforma em um ser alado!)

Assim, dos meus sonhos,
Vidas perecem...
Textos de amor se prostram e adormecem,
Todos tristonhos...

Sei que ante a luz as pupilas que enlouquecem
Trazem corações que de súbito se aquecem, mas se esquecem,
Por isso que as trevas proponho...
Pois só elas que me revestem,
Apenas elas merecem
Os dilemas que componho.

- Ó, desconhecido brilho,
Já sei que no meu peito assombras
Quando a esta Terra desces.
Também sei que sempre me encontras,
Pois quanto mais fico nas sombras
Mais estrelas me aparecem!