Desespero sem fim...


Há uma mulher que eu amo,
Que não mais me ama a mim!
Há uma insatisfação tão grande,
Que me queima e me domina!
Que me abrasa o sangue nas veias!
São tantas noites de sonhos,
Que me rasgam em pedaços,
A vida, a alma e o pensamento!
Traidores esses sonhos pesadelos!
Em que luto e ganho, essa guerra,
Que já perdi sem honra nem gloria!
Não há gloria no desamor,
Não há gloria na loucura,
Que dia e noite me envolve,
Me cega, me dobra, me esmaga!
Nem o desespero mais me chega,
Nem o sono me trás a calma!
Nem a vida tem mais sentido!
Sinto-me como lobo ferido!
Uivando á Lua, lambendo as feridas!
Mas o sangue não pára...
E já faz poça á minha porta!
E os abutres lá fora..
Á espera do meu ultimo fôlego!
Riem contentes no seu desamor!
Estão felizes à minha custa!
Podres seus dentes e suas carnes!
Fedem suas bocas delambidas!
E riem-se como hienas encardidas!
E esfregam as mãos sujas de sangue!
Olham-se no espelho, e não se enxergam!
Vampiros do amor! Sanguessugas da paixão!
Nenhum juiz, nenhum júri os perdoará!
E o Inferno será pouco castigo...
Para essas párias do amor...
Lhes rogo mil mortes em dor!
Lhes desejo apenas e só...
Que nunca mais conheçam o amor!
Haverá algo pior do que isso?
Não sei.. eu não conheço...
A Terra sem amor, é o meu Inferno...
E nele arderei enquanto respirar...
Que venha a morte bem depressa,
Se não mais conhecer o amor,
Não vale a pena mais viver,
Porque assim é só sofrer...
Só sofrer e definhar,
E para me salvar...
Bastaria voltares e me amares!
Como eu ainda te amo...
Mulher por quem dia e noite,
Até ficar rouco, eu chamo!


Mirror Man

Seixal - Portugal